terça-feira, 24 de novembro de 2009



Torcedores anônimos


Tratamento coloca frente a frente torcedores rivais, em um ato de esperança para o futuro



O que fazer com torcedores fanáticos que colocam o seu time cima de tudo e todos, pessoas que vão aos estádios com o intuito de torcer pelo seu time e arrumar briga com torcidas rivais? Se for preciso, será que este problema tem solução? O que se pode fazer?
Na cidade de Suzano localizada na grande São Paulo, há um tratamento que é pouco conhecido pela sociedade. Um local que cuida especificamente de torcedores com estes tipos de problemas que envolvem o comportamento como: brigas dentro e fora dos estádios, atitudes violentas dentro de sua própria casa e o comportamento muito agressivo. O projeto tem como objetivo devolver para essas pessoas uma vida tranquila e sem confusões.
O diretor da casa “Torcedor é Irmão”, Jose Souza de Oliveira 49, diz que não importa o grau de dificuldade: O que importa é devolver as pessoas em segurança e totalmente recuperadas para a sociedade. “Tem pacientes que chegam aqui e não consegue sequer ficarem sentado 2 minutos para ver um jogo, e quando seu time perde uma chance de fazer um gol ou perde uma classificação, por exemplo, pode se chegar ao ponto de quebrar tudo o que ver pela frente”, relata Oliveira.
O tratamento é muito simples, consiste em tocar hinos de times de futebol e extrair de suas letras os verdadeiros significados de cada palavra, de cada estrofe.
Paulo nome fictício é torcedor do Palmeiras é separado, tem 2 filhos faz tratamento há 4 meses. Ele já começa a notar avanços em seu comportamento: “Eu não tinha paciência para nada começava a quebrar tudo o que via pela frente caso o time perdesse, cheguei ao ponto de quebrar uma mesa de vidro que tinha em minha casa com um soco, minha mão chegou a sangrar de tão forte que foi o impacto com a mesa”, revela Paulo.
O enfermeiro Eduardo Costa 35, que acompanha Paulo, diz que seu tratamento vem dando bastante resultado e que muito em breve ele vai poder voltar para sua família. “O legal foi que o próprio Paulo buscou ajuda especializada para poder sair da situação que ele se encontrava”, diz Costa.
Paulo fala em voltar o mais breve para seus filhos, que até hoje não sabem que no momento ele se encontra internado. “Eu quero sair daqui totalmente recuperado, ter minha família de volta e eu só tenho que agradecer a Deus e todas ás pessoas que trabalham aqui, e que dão a maior atenção para gente, e também agradecer ao Eduardo que foi um anjo da guarda aqui dentro para mim, pois ele me acompanha desde o primeiro dia meu aqui de internação”, revela Paulo.
O diretor Jose Souza de Oliveira que também acompanha Paulo prevê otimista que em fevereiro do ano que vem ele poderá sair da casa de recuperação. “Ele é um rapaz especial com muita garra e persistência, e espero que quando ele estiver longe daqui com seus filhos que ele seja muito feliz”, diz Oliveira.
“Que bom termos pessoas como seu Oliveira que pensa no próximo, de uma forma tão calorosa e amiga”, conta Paulo com lágrimas nos olhos.
Hoje a casa atende 35 pacientes. Destes 5 vão voltar para seus familiares em dezembro. O paciente Jorge Ferreira * 38 é santista fanático e só usa roupas do Santos e vai sair em dezembro. ”Não vejo a hora de voltar para minha esposa e meus filhos”, diz Ferreira.
Os diagnósticos que dão o aval para os pacientes terem alta saem de uma cúpula de psicólogos que acompanham cada passo do tratamento de cada paciente, e seu desenvolvimento.
Um trabalho que o Dr. Oliveira espera que seja modelo para outras pessoas e que possa ser instalado em outras localidades de São Paulo e porque não até mesmo em outros estados. “Pois um trabalho deste não se pode desprezar, com um bom planejamento podemos não rever mais cenas lamentáveis de violência nos estádios de nosso país”.


Por: Danilo Matos

Nenhum comentário:

Postar um comentário