terça-feira, 24 de novembro de 2009


A música por trás do futebol



Membros das principais torcidas organizadas de São Paulo contam como fazem para ter seus cânticos cantados nos estádios de todo o Brasil


O futebol é um dos esportes com mais adeptos no mundo, têm em sua essência as torcidas que a cada ano que se passa além de cantar o hino do seu time de coração inovam com cânticos que viram “febre” nos estádios.
Na cidade de São Paulo, as torcidas organizadas dos chamados “grandes” (São Paulo, Palmeiras e Corinthians) têm os seus próprios “compositores”, membros de cada organizada que são responsáveis pelas criações dos cantos que serão ouvidos nos estádios de São Paulo.
Pessoas que fazem deste trabalho de compor, ser uma tarefa árdua e muito cansativa, às vezes chega a ser um hobby um divertimento para cada um em especial.
Na organizada do São Paulo, que é a torcida Independente o responsável pelas criações é Ângelo Martins Fonseca 33, que além der ser membro da organizada, trabalha como metalúrgico há 8 anos na função de ferramenteiro. “Já perdi 5 oportunidades de emprego por causa de jogo, o São Paulo Futebol Clube é minha vida eu adoro ir ao Morumbi ver os jogos não importa o time adversário”, relata Fonseca. E complementa “O canto vai lá, vai lá, vai lá, vai lá de coração, vamos São Paulo, vamos São Paulo, vamos ser campeão, foi eu quem criei e para o próximo ano eu já tenho uma música que vai ser cantada na Libertadores, já que é uma competição totalmente especial , e a música vai pegar nos estádios, todos os são-paulinos vão gostar”, revela Fonseca.
Já a inspiração para compor suas músicas são as mais diversas. Ângelo relata que busca pensar nas crianças: “Eu anoto tudo o que eu vejo nas crianças, tudo que disserem quando estou nas ruas a caminho do trabalho, eu marco no caderno”, relata. Que tem como grande companheiro nestas horas um velho caderninho bem pequeno e com suas folhas já amareladas pelo tempo de trabalho e com algumas páginas com um simples borrão de tinta, causado por alguma enchente.
“Já peguei somente com este caderninho umas 10 chuvas daquelas de levar tudo pelo caminho voltado ou ido para jogos, por isso e que ele já está pedindo aposentadoria, mas eu adoro compor os cânticos que virão a ser cantados nos estádios, minha família que é o muito importante para mim apóia o que eu faço, tanto meus filhos quanto minha esposa que além de tudo é são paulina fanática”, conta um sorridente Fonseca.
Carlos uma pessoa totalmente diferente com a vida e com seu futuro.
Num outro ponto da cidade, numa rua apertada em um bar bem simples, que logo em sua entrada tem um cachorro vira-lata, porte bem magro que quase não tem forças para se levantar, está Carlos Mattos Nunes 30, torcedor fanático do Corinthians e membro da principal torcida do time, a Gaviões da Fiel há 9 anos.
Nunes compõe os cânticos em parceria com outros membros da diretoria. “Alem de compor eu trabalho aqui no bar, mas sempre com um tempo para poder buscar inspiração em tudo o que me rodeia para busca de novas músicas, já que eu não me considero um compositor eu falo para todos que faço isto por simples hobby”, relata Nunes.
Ao entrar na casa de Nunes logo se vê todas suas inspirações para as composições, pregadas nas paredes do quarto e no corredor da casa: letras de músicas em diversos ritmos, “O grito sou louco por ti Corinthians é de autoria minha e do Marcos, outro integrante dos Gaviões, que me ajuda bastante nas composições”, diz Nunes.
“Tenho 30 anos e vou aos jogos do Timão desde os 8 anos, influenciado pelo meu pai e todos meus familiares apóiam o que eu faço, já que faço por amor ao Corinthians e que tem como meta surpreender a todos e as outras torcidas rivais na hora da alegria de um gol marcado, de uma classificação ou mesmo de um pênalti pego pelo nosso goleiro ou até mesmo perdido pelo adversário, mesmo que seja pra ficar sem qualquer volume de voz a garganta eu prefiro acabar com o que tenho cantando para o Corinthians”, comenta Nunes.
Na organizada da torcida do Palmeiras, que é a Mancha Alvi Verde o seu “compositor”, é representado pelo jovem Lucas Sonotori Mendes 18, um estudante que mora com os pais e no período da tarde fica todos os dias na sede da torcida compondo suas músicas. “Eu tenho muita facilidade em compor, fico buscando parte de alguma melodia que possa me interessa, daí coloco no papel e começo a desenvolver”, diz Mendes.
O problema é que os cânticos não são seguidos na prática pelas torcidas que distorcem ás músicas para gerar a violência entre elas, e protagonizar cenas de vandalismo e baixaria.



Por: Danilo Matos

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